Consoles Portáteis Redefinem o Mercado de Games

21/12/2025
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A indústria de games tem um novo protagonista em ascensão: os consoles portáteis. Embora não sejam novidade, esses dispositivos ganharam força nos últimos anos e forçaram mudanças nas estratégias de fabricantes de hardware, alinhando-se a novos hábitos de quem joga.

O fenômeno mais recente veio com o Nintendo Switch 2 — o maior lançamento dos últimos anos. Em apenas quatro meses, foram vendidas mais de 10,3 milhões de unidades, número que superou as 7,8 milhões de unidades vendidas pelo PlayStation 5 nos primeiros seis meses entre 2020 e 2021. Com isso, a Nintendo reforça seu prestígio no mercado e mostra por que o formato portátil voltou a ser tão relevante.

Para o jornalista e especialista em games Claudio Prandoni, o Prandas, esse crescimento tem duas causas principais. A primeira é a mudança no comportamento dos consumidores, intensificada durante a pandemia, que passaram a buscar mais praticidade e liberdade para jogar em qualquer lugar — na sala, no quarto ou em viagens. A segunda é a própria evolução do hardware e o fato de muitos jogos atuais serem menos exigentes em termos de salto gráfico entre gerações.

“A tecnologia avançou tanto que você consegue ter chips pequenos o bastante para ter um portátil poderoso”, diz Prandoni. Ele acrescenta que o impacto visual entre gerações já não é tão drástico como antes: “Se a gente pega ali quando migrou do 8 bits para o 16 bits, do Nintendinho para o Super Nintendo, do Master System para o Mega Drive ou do PS1 para o PS2, cada videogame novo era uma realidade nova, né? Hoje nem tanto. A gente tem pesquisas que indicam que muitos dos jogos mais jogados no mundo têm mais de 5, 6, 7 anos”.

A trajetória do Switch exemplifica essa mudança. Em 2025, o console completou oito anos e segue sendo um pilar de sucesso para a Nintendo, que historicamente sempre apostou no portátil mesmo mantendo também consoles de mesa. Para Prandoni, antecipar essa tendência foi um trunfo decisivo. Ele lembra que manter linhas de portátil e console de mesa separadas tornou-se custoso, por isso houve um movimento da companhia para unificar departamentos de desenvolvimento. O experimento que não deu certo foi o Wii U, de 2012 — considerado um dos maiores fracassos da Nintendo — mas o Switch chegou como uma versão refinada daquela ideia e deu certo.

O caráter híbrido do Switch — jogável nas mãos ou conectado ao dock — trouxe uma novidade que agradou o público e foi sendo aperfeiçoada a cada geração. Esse sucesso também estimulou o mercado de hardware a se adaptar e diversificar. Surgiram PCs portáteis como o Steam Deck, lançado em 2022, e modelos como o Lenovo Legion Go e o ASUS ROG Ally, lançados em 2023; na mesma época, o PlayStation lançou um reprodutor remoto para PS5. Recentemente a linha da ASUS ganhou uma nova versão, ROG Xbox Ally, que usa a interface e o ecossistema do Xbox. A principal diferença desses PCs portáteis em relação a consoles tradicionais é o software aberto, que permite realizar tarefas além dos jogos.

Apesar dos avanços, os portáteis ainda enfrentam desafios. A bateria é apontada como o principal obstáculo para aumentar desempenho sem sacrificar autonomia, embora as limitações desses aparelhos estejam ficando cada vez menores. No mercado, Prandoni acredita que novos concorrentes podem surgir — ele cita rumores sobre um possível PS portátil — enquanto a Microsoft tende a focar mais no universo PC e em parcerias com outras fabricantes, cada vez mais afastada da ideia de produzir hardwares próprios.

O que fica claro é que os portáteis recolocaram o jogo em movimento: entre inovação técnica, hábitos de consumo e estratégias das grandes empresas, eles continuam a moldar o futuro dos videogames.

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