A temporada anual dos grandes shooters chegou, e o confronto de 2025 trouxe uma surpresa: desta vez, não é a máquina de guerra da Activision que domina o campo de batalha, e sim a resposta tática da Electronic Arts. Para quem acompanha a reação da comunidade, o recado já está claro: Battlefield 6 não só está competindo com Call of Duty: Black Ops 7, como está entregando justamente o que o novo Black Ops ficou devendo.
Os números falam por si. Black Ops 7, lançado cerca de um mês depois do rival, amarga notas de usuários baixíssimas no Metacritic e uma recepção igualmente fria no Steam. O jogo parece um soldado cambaleando no campo de batalha, sofrendo tanto por seus próprios erros quanto pelo contraste com o que Battlefield 6 acerta. Nenhum dos dois, porém, chegou a causar o impacto de Arc Raiders — mas esse é um capítulo à parte. Aqui, o foco é o eterno duelo entre Battlefield e Call of Duty.
## Renovação de um lado, desgaste do outro
Call of Duty: Black Ops 7 é vítima da famigerada síndrome do “mais do mesmo” por diferentes razões. O jogo é tecnicamente bem-polido, continua divertido e mantém o ritmo intenso que a franquia consagrou. O problema é que, em essência, ele soa como uma extensão de Black Ops 6, lançado há apenas um ano. A sensação de déjà-vu é difícil de ignorar.
Do outro lado, Battlefield 6 chega com o frescor que o gênero – e a própria franquia – vinham implorando, especialmente após o tropeço pesado de Battlefield 2042. A EA apostou em mudanças mecânicas que, embora pareçam detalhes à primeira vista, transformam o jeito de jogar: arrastar companheiros caídos e usar a inclinação dinâmica, por exemplo, não são apenas firulas visuais, mas sistemas que influenciam diretamente o ritmo e a fluidez dos combates.
O resultado é a sensação de estar, de fato, em um jogo novo, e não em uma “DLC de 2024” com skins futuristas em cima de uma base reciclada.
Battlefield 6 continua apostando na guerra moderna, terreno que Call of Duty já explorou exaustivamente. Ainda assim, a forma como a EA apresenta esse cenário é bem mais convincente do que o mundo futurista genérico proposto em Black Ops 7 — justamente o tipo de estética que parte da comunidade vem pedindo para a Activision deixar de lado, ao menos por um tempo.
## Imersão como diferencial
A diferença de direção criativa entre os dois títulos é nítida. Black Ops 7 se passa em 2035, mas essa ambientação rapidamente se perde em meio a skins exageradas e armas com cara de brinquedo neon. Já Battlefield 6 resgata uma estética militar mais “raiz”, algo que caiu como um alívio para muitos jogadores.
Para quem busca a sensação de estar em um conflito plausível, tenso e com aquele clima de guerra “pé no chão”, Battlefield 6 se tornou a escolha óbvia. Isso transparece também na jogabilidade: enquanto Black Ops 7 volta a apostar em implantes e habilidades que dão aos soldados uma aura quase sobre-humana, Battlefield 6 prefere manter os pés firmes na realidade.
Visual e áudio trabalham juntos para elevar a imersão no jogo da EA. A combinação de uma guerra moderna “como antigamente”, mas bem executada, acaba deixando Black Ops 7 com cara de shooter genérico, o que é irônico e até triste, considerando que a série Call of Duty ajudou a moldar o gênero de guerra nos videogames.
## Campanhas que seguem caminhos opostos
Nem Battlefield nem Call of Duty têm focado suas energias em campanhas solo nos últimos anos; o multiplayer é, disparado, o centro das atenções. Mesmo assim, a comparação entre as campanhas de Battlefield 6 e Black Ops 7 evidencia bem a diferença de abordagem.
Battlefield 6 apresenta uma campanha divertida, ainda que longe de ser revolucionária. Ela traz personagens variados, uma boa diversidade de cenários e uma trama clichê – algo compreensível em um gênero em que é difícil inovar sem esbarrar em referências consagradas (Spec Ops: The Line ainda é o grande nome quando se fala em narrativa de guerra). O ponto é: Battlefield 6 faz o básico, mas faz bem.
Black Ops 7, por sua vez, tenta ser diferente e acaba escorregando. A história segue um rumo mirabolante, o suficiente para “viajar na maionese” com gosto. Sem entrar em spoilers, a trama toma decisões que muitos jogadores enxergaram como um desperdício do potencial de personagens clássicos da série Black Ops – figuras de uma época em que as campanhas do franchise ainda eram um dos grandes atrativos.
## Comunidade como termômetro
O comportamento da comunidade já desenha um quadro claro. Call of Duty: Black Ops 7 registrou um pico de cerca de 100 mil jogadores simultâneos no Steam em seu lançamento, que ocorreu em uma sexta-feira. Já Battlefield 6 alcançou aproximadamente 747 mil jogadores ao mesmo tempo nos primeiros dias na plataforma da Valve – algo em torno de sete vezes mais do que o concorrente direto.
Arc Raiders ainda entra como um “tercero elemento” nessa equação: lançado em 30 de outubro, acumulou logo de cara cerca de 481 mil jogadores simultâneos e, entre os três títulos, é o que vem mantendo a base mais estável de usuários diários.
Fora os números de jogadores, as avaliações reforçam o cenário. Battlefield 6 registra cerca de 65% de aprovação entre mais de 220 mil reviews no Steam. Esse índice já beirou os 90% antes do lançamento da primeira temporada e do modo battle royale gratuito, que acabou interferindo de forma negativa na experiência dos modos tradicionais de multiplayer para muitos usuários.
Black Ops 7, por sua vez, tem apenas 43% de aprovação com cerca de 1.400 avaliações no Steam. Além de ainda estar nos primeiros dias de lançamento, há também o fator “desinteresse”: muitos jogadores simplesmente não se dão ao trabalho de registrar sua opinião na plataforma. No Metacritic, a disparidade é ainda mais evidente: Black Ops 7 aparece com nota 1,8 dada pelos usuários, enquanto Battlefield 6 marca 6,8.
É verdade que a receptividade de Battlefield 6 já foi mais alta e acabou caindo por decisões da própria EA, mas ainda assim o jogo estreou com uma aprovação significativamente superior à de Black Ops 7.
Há também um ponto relevante: o novo Call of Duty está disponível no Game Pass, embora em uma faixa mais cara do serviço. Isso certamente ajuda a inflar o número de jogadores, mesmo que esses dados não fiquem públicos em forma de avaliações, já que a plataforma da Microsoft não exibe esse tipo de métrica da mesma forma que o Steam.
No fim, 2025 trouxe um cenário curioso para os fãs de FPS: enquanto o veterano Call of Duty tropeça na própria fórmula futurista e em escolhas de campanha controversas, Battlefield 6 se firma como a opção mais sólida para quem busca uma experiência de guerra moderna, imersiva e, acima de tudo, renovada o suficiente para justificar o retorno ao campo de batalha.