Renault Kwid E-Tech: A porta de entrada elétrica que surpreende além da cidade

28/12/2025
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Único carro elétrico disponível no Brasil em 2025 por menos de R$ 100 mil, o Renault Kwid E-Tech surge como alternativa atraente para quem quer entrar no universo dos veículos elétricos sem gastar muito.

Compacto e com um motor elétrico de 65 cv e 11,52 kgf·m de torque, o hatch não impressiona nas arrancadas — o 0 a 100 km/h leva 14,6 segundos — mas ganhou retoques visuais na linha 2026, agora mais alinhada ao Dacia Spring europeu, e recebeu mais equipamentos em relação à versão lançada por aqui. A equipe do CT Auto passou um mês com o Kwid E-Tech para avaliar pontos fortes e limitações do modelo. Veja os principais achados.

Prós

- Design

- Tecnologia embarcada

- Praticidade para o dia a dia

Contras

- Autonomia

- Estabilidade em rodovias

Kwid E-Tech: serve para estrada?

A maior parte da experiência foi urbana, mas o teste incluiu duas viagens por rodovia entre São Paulo e Jundiaí, em ambos os sentidos. Esses deslocamentos mostraram que a crítica de que elétricos de entrada “não servem” para estrada — comentário comum sobre modelos como JAC E-JS1, BYD Dolphin Mini e o próprio Kwid E-Tech — não é absoluta. Apesar de limitações, o desempenho do E-Kwid surpreendeu.

Com bateria de 26,8 kWh e autonomia declarada pelo Inmetro de 180 km por ciclo, o carro percorreu 64,3 km entre cidade e estrada consumindo 26% da carga. Saindo com a bateria completa e chegando a Jundiaí, o indicador marcava 74% restante. Fazendo uma regra de três simples com esses números, a autonomia estimada a partir desse percurso chega a cerca de 247,3 km por ciclo — superior ao valor declarado pelo Inmetro.

Como anda o Renault Kwid E-Tech?

Dois aspectos foram avaliados: o desempenho do motor e o comportamento dinâmico do conjunto (estrutura, suspensão e sensação ao dirigir). O motor de 65 cv não é empolgante como os de elétricos de categorias superiores, mas oferece força suficiente para ultrapassagens e para rodar em rodovias sem grandes transtornos. Na cidade, a aceleração instantânea é uma vantagem clara, fazendo o modelo se destacar mesmo frente a alguns carros mais populares a combustão.

O ponto frágil é a estabilidade em velocidades mais altas. Com apenas 969 kg, o Kwid E-Tech tende a balançar na estrada, o que pode transmitir sensação de insegurança a motoristas menos experientes. Importante lembrar que o E-Kwid foi projetado com prioridade para uso urbano, onde se saiu muito bem — especialmente diante do Kwid a combustão — mas, ainda assim, é capaz de encarar trechos rodoviários curtos sem grandes problemas. A autonomia reduzida, porém, pode gerar “ansiedade de recarga” em viagens mais longas.

Pacote tecnológico

Mesmo sendo o elétrico mais barato do país, o Kwid E-Tech traz recursos de segurança, assistência ao motorista e conforto condizentes com carros mais caros. Estão presentes alerta de colisão frontal, assistente de manutenção em faixa e reconhecimento de placas de trânsito, que ajudam a controlar limites de velocidade e reduzir o risco de multas. O limitador de velocidade com controle de cruzeiro é de fácil ajuste.

O sensor de fadiga mostrou-se, durante os testes, um pouco intrusivo, emitindo alertas mesmo com as mãos corretamente posicionadas no volante — algo que pode ser corrigido por calibração. Entre outras funcionalidades aparecem frenagem regenerativa, modo ECO, câmera de ré, controle eletrônico de estabilidade, monitoramento da pressão dos pneus, abertura elétrica do porta-malas e espelhamento de tela do celular. Muitos desses itens não são oferecidos por alguns concorrentes mais caros.

Custo de recarga

No mês de testes a equipe percorreu 864 km (quase 1.000 km) e realizou três recargas completas e uma parcial (50%). Em Jundiaí, onde foram feitas as recargas, o kWh custava R$ 1,40, e o gasto total com energia para esses carregamentos ficou em cerca de R$ 131,32.

Na comparação com o Kwid a combustão, considerando gasolina a R$ 6,50 o litro, um tanque de 38 litros custaria R$ 247 e daria cerca de 581 km de autonomia — ou seja, para cobrir os mais de 800 km rodados no mês com a versão elétrica seriam necessários pelo menos mais R$ 123,50 em combustível. Segundo a avaliação do test driver, ao comparar custos de energia e oferta de equipamentos, o E-Tech leva vantagem sobre o irmão a combustão.

Vale a pena comprar?

Depois de um mês com o Renault Kwid E-Tech, incluindo duas viagens curtas por rodovia, a conclusão da equipe é positiva: vale a pena investir pouco mais de R$ 99 mil para ter a versão elétrica na garagem. Há pontos a melhorar — especialmente estabilidade em rodovias e autonomia —, mas, frente ao Kwid Outsider a combustão (que custa cerca de R$ 85,2 mil), o E-Kwid se apresenta como a escolha lógica para quem busca a experiência elétrica. Os quase R$ 15 mil a mais cobrados pela versão elétrica podem ser compensados pelos ganhos em tecnologia, condução urbana e custos de recarga.

“Embora tenha alguns pontos a melhorar, Kwid E-Tech mostrou que pode, sim, ser uma boa porta de entrada para o mundo elétrico.” — Paulo Amaral

Nota: a unidade do Kwid E-Tech utilizada neste review foi cedida pela Renault do Brasil.

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