Trem do Futuro: Como a Inteligência Artificial Vai Revolucionar as Ferrovias Britânicas até 2035

24/12/2025
15 visualizações
4 min de leitura
Imagem principal do post

Um relatório da indústria aponta que a malha ferroviária britânica poderia suportar mais um bilhão de viagens até meados da década de 2030, a partir dos 1,6 bilhões de viagens de passageiros registrados até março de 2024. A próxima década promete ser marcada por uma mistura de maior complexidade e necessidade de controle, à medida que sistemas digitais, dados e fornecedores interconectados multiplicam potenciais pontos de falha.

O núcleo da análise é claro: a inteligência artificial tende a tornar‑se o “sistema operacional” do trem moderno — não como um único conjunto centralizado de modelos, mas como camadas de previsão, otimização e monitoramento automático distribuídas pela infraestrutura, material rodante, pátios de manutenção e estações (pp.18‑23). Em vez de substituir a atividade humana, essa tecnologia deve orientar onde concentrar a ação humana nas rotinas diárias.

Manutenção preditiva e orientada por dados

A manutenção ferroviária tradicional ainda se apoia em cronogramas fixos e inspeções manuais — práticas reativas e intensivas em trabalho. O whitepaper ressalta a dependência da Network Rail em engenheiros que percorrem os trilhos a pé para identificar defeitos (p.18). A IA promete transformar esse paradigma, tornando a manutenção preditiva: sensores e algoritmos analisam dados para antecipar falhas antes que provoquem interrupções significativas.

Esse ecossistema combina câmeras de alta definição, scanners LiDAR e sensores de vibração, fornecendo aos sistemas de aprendizado de máquina informações capazes de sinalizar degradação em trilhos, sistemas de sinalização e ativos elétricos antes do colapso (pp.18‑19). Os programas de monitoramento podem gerar alertas com meses de antecedência, diminuindo chamados de emergência, embora o horizonte de previsão varie conforme o tipo de ativo. A expectativa é que esforços como os da Network Rail migrem de um modelo “achar e consertar” para “prever e prevenir”.

A Network Rail enfatiza a manutenção guiada por dados e ferramentas que consolidem informações dos ativos. Pesquisas e programas europeus de P&D — como Europe’s Rail e seu predecessor Shift2Rail — financiam iniciativas como o projeto DAYDREAMS, voltado a gestão prescritiva de ativos. A transformação em escala demanda uma abordagem comum para predição.

Controle de tráfego e eficiência energética

Além da manutenção, a otimização operacional oferece retornos relevantes. Sistemas de IA usam dados operacionais históricos e em tempo real — posições e velocidades dos trens, previsões meteorológicas — para antecipar perturbações e ajustar o fluxo de tráfego. Testes com gêmeos digitais e gestão de tráfego baseada em IA na Europa, bem como pesquisas sobre condução assistida e posicionamento por IA, indicam que é possível aumentar a capacidade da rede sem abrir mais trilhos (p.20).

Algoritmos também orientam motoristas quanto à aceleração e frenagem ideais, com potenciais ganhos de energia na ordem de 10–15%. Levando em conta variações de rota, tração e restrições de horário, essas economias se ampliam rapidamente quando aplicadas em escala na rede.

Segurança, monitoramento e CCTV

As aplicações de IA mais visíveis concentram‑se em segurança. Detecção de obstáculos utiliza câmeras térmicas e aprendizado de máquina para identificar riscos que escapam à visão humana. A tecnologia monitora passagens de nível e analisa imagens de CCTV em busca de objetos abandonados e atividades suspeitas (pp.20‑21). Em Londres, por exemplo, IA combinada com LiDAR é empregada no monitoramento de multidões em Waterloo como parte de um conjunto de ferramentas de segurança.

Fluxos de passageiros e otimização de viagens

A previsão de demanda por IA — a partir de vendas de bilhetes, eventos e sinais móveis — permite aos operadores ajustar o número de vagões e reduzir superlotação, segundo o relatório. A contagem de passageiros é uma aplicação de alto impacto e baixo ruído: dados melhores sustentam horários mais acertados e informações mais claras para o usuário.

Cibersegurança como questão operacional

Com a convergência entre tecnologia operacional e TI, a cibersegurança torna‑se um tema operacional crítico. Sistemas legados sem planos claros de substituição representam risco, assim como a integração de análises modernas com infraestrutura antiga — um cenário atrativo para atacantes. O futuro da IA no setor exige sensores que funcionem em ambientes extremos, modelos confiáveis e testados pelos operadores, e governança que trate resiliência cibernética como parte inseparável da segurança física.

O recado do relatório é direto: a IA chegará de qualquer forma. A questão é se os sistemas ferroviários irão adotá‑la de maneira proativa e controlada, ou se herdarão uma complexidade não gerida.

Comentários

Nenhum comentário ainda. Seja o primeiro a comentar!