A Amazon está em conversas para investir cerca de US$ 10 bilhões (aproximadamente R$ 55 bilhões) na OpenAI, desenvolvedora do ChatGPT. As negociações ainda estão em estágio inicial, mas, se avançarem, podem se tornar um dos maiores aportes já vistos em uma empresa de inteligência artificial.
O possível acordo não se limita ao aporte financeiro: também envolveria infraestrutura, com ênfase no uso dos chips de IA Trainium, criados pela Amazon. Esse arranjo daria à OpenAI uma alternativa aos chips da Nvidia e às soluções do Google, diminuindo a dependência de um único fornecedor num momento em que a demanda por poder computacional segue em forte crescimento. Segundo interlocutores, os termos ainda são “fluídos” e nada está fechado; nem a Amazon nem a OpenAI comentaram oficialmente as conversas.
A escala do valor em discussão reflete justamente esse apetite por capacidade de processamento. Recentemente, a OpenAI assinou acordos bilionários com empresas como Nvidia e Oracle e, em novembro, firmou um contrato de US$ 38 bilhões para comprar capacidade de nuvem da AWS, braço de computação em nuvem da Amazon. Treinar e operar modelos de IA em grande escala tem custos cada vez maiores.
A abertura para novas parcerias também tem relação com a reestruturação que a OpenAI concluiu em outubro, medida que ampliou sua liberdade para captar recursos e fechar acordos além da órbita da Microsoft — que já investiu mais de US$ 13 bilhões (cerca de R$ 71 bilhões) e detém aproximadamente 27% da empresa. Essa mudança abriu espaço para negociações como a que agora envolve a Amazon.
A diversificação da OpenAI não se limita à infraestrutura. Recentemente, a empresa fechou um acordo com a Disney para usar mais de 200 personagens — de Mickey a figuras da Marvel e de Star Wars — no Sora, seu aplicativo de geração de vídeos por IA. O contrato tem duração de três anos e inclui um investimento de US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 5 bilhões) da Disney em ações da OpenAI. Importante: a exclusividade sobre os personagens vale por um ano; depois, a Disney poderá licenciar seu acervo para outras plataformas.
Por sua vez, a Amazon também vem ampliando parcerias e presença em diferentes frentes. Nesta semana, por exemplo, o Instagram lançou um aplicativo de Reels para TVs com estreia no Fire TV, buscando levar vídeos curtos para a sala de estar e disputar atenção hoje concentrada em outras plataformas.
No conjunto, essas movimentações mostram que a corrida pela IA vai muito além dos bastidores dos data centers. A competição abrange chips, nuvem, conteúdo, plataformas e distribuição — e grandes empresas estão se cruzando em múltiplas frentes para garantir espaço nesse novo tabuleiro.