Mark Zuckerberg assumiu pessoalmente a condução de uma nova fase na Meta, centrada em um modelo de inteligência artificial com foco em gerar receitas e potencial para reposicionar a empresa no mercado. A mudança foi acelerada pelo desempenho aquém do esperado do Llama 4, modelo de código aberto que não correspondeu às expectativas no Vale do Silício.
O projeto, batizado internamente de Avocado, deve ser lançado na primavera do hemisfério norte e seguirá um formato “fechado”, que permitirá à Meta controlar o acesso e comercializar o uso do modelo — estratégia similar à adotada por concorrentes como Google e OpenAI.
Integração de tecnologias globais no treinamento
Para treinar o Avocado, a Meta está usando também modelos de terceiros, entre eles o Gemma (Google), o gpt-oss (OpenAI) e o Qwen (Alibaba). A intenção é combinar elementos de diferentes tecnologias para obter um sistema competitivo e mais seguro. O treinamento contempla dados e abordagens de modelos de várias regiões, incluindo China, Estados Unidos e Europa.
Liderança e estrutura do projeto
Alexandr Wang, novo diretor de IA da Meta, defende a estratégia de modelos fechados e se tornou peça-chave do projeto. Wang recebe orientações diretas de Zuckerberg e coordena a equipe do TBD Lab, criada especificamente para desenvolver o Avocado. Fontes internas descrevem essa equipe como uma das mais caras já montadas na história da tecnologia, com investimentos previstos de até US$ 600 bilhões (cerca de R$ 3,2 trilhões) nos próximos três anos.
Repriorização, cortes e repercussões internas
A ênfase em IA levou a uma revisão contínua das prioridades da empresa, com o foco deslocando-se do metaverso e da realidade virtual para projetos de inteligência artificial. Esse reposicionamento implicou cortes em áreas como a divisão acadêmica FAIR e provocou a saída de nomes de destaque, incluindo Yann LeCun, conhecido defensor do código aberto. A Meta também orientou membros das equipes a restringir comentários públicos sobre o Llama e sobre código aberto, consolidando a nova diretriz corporativa.
Concorrência e produtos ofuscados
No mercado, lançamentos recentes enfrentaram forte competição: ferramentas como o Vibes, da Midjourney, tiveram seus lançamentos ofuscados por rivais, citando-se o Sora 2, da OpenAI, como exemplo de concorrência direta.
Superinteligência e preocupações públicas
A empresa busca desenvolver sistemas com capacidades superiores às humanas — a chamada “superinteligência” — o que reacende debates sobre segurança, limites e regulação. Figuras públicas como Steve Wozniak e Richard Branson já pediram mais cautela antes de avanços mais radicais nessa direção. Internamente, a Meta avaliou como comunicar esses conceitos a legisladores e reguladores, identificando receios sobre um possível poder descontrolado da IA, especialmente na Europa.
Virada estratégica
O avanço do Avocado simboliza uma guinada estratégica da Meta: a empresa se afasta parcialmente do modelo de código aberto e abraça uma abordagem fechada, com potencial de gerar lucro e reposicionar a companhia na corrida global pela inteligência artificial.