Adrenalina na Veia: Entenda os Riscos e Quando Esse Medicamento Salva Vidas

29/11/2025
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A morte do menino Benício Xavier, em Manaus, reacendeu um alerta importante: afinal, é perigoso aplicar adrenalina diretamente na veia? O caso, que envolve a prescrição incorreta de adrenalina intravenosa para tratar um problema respiratório, levou a médica e a técnica de enfermagem a prestarem depoimento à polícia e colocou em evidência a necessidade de uso seguro desse medicamento, amplamente presente em situações de emergência.

De acordo com documentos citados pelo G1, a médica admitiu ter se equivocado ao indicar a via de administração da droga – um detalhe que, em contextos críticos, pode ser a diferença entre salvar uma vida e colocar o paciente em risco.

No Brasil, documentos do Ministério da Saúde e orientações técnicas da Anvisa classificam a adrenalina (ou epinefrina) como um medicamento potente, utilizado para reverter quadros graves, como reações alérgicas severas e colapsos cardiovasculares. No entanto, a forma de aplicação – diretamente na veia, no músculo ou por nebulização – altera profundamente tanto o efeito desejado quanto o nível de risco envolvido.

### Adrenalina: o que é e quando a aplicação na veia se torna perigosa

A adrenalina é um hormônio natural, produzido pelas glândulas suprarrenais, liberado pelo organismo em situações de estresse, emoção intensa ou emergência. No contexto médico, é usada principalmente em casos de reações alérgicas graves (como anafilaxia), colapso circulatório e parada cardíaca.

A administração intravenosa, isto é, diretamente na veia, é indicada apenas em emergências críticas, como na parada cardiorrespiratória, e deve ser feita sempre com monitorização rigorosa. O uso inadequado pode desencadear efeitos perigosos, como taquicardia extrema, arritmias, falta de ar e colapso, de acordo com documentos oficiais.

Em crianças, o cuidado precisa ser ainda maior: elas exigem doses menores e, muitas vezes, vias específicas de administração, pois o organismo infantil é mais sensível à ação da adrenalina.

### Quando a adrenalina salva – e quando traz risco

A adrenalina age rapidamente: dilata as vias aéreas, aumenta a força de contração do coração e melhora a circulação em situações críticas. Por esses motivos, é considerada um recurso fundamental no tratamento de alergias graves e paradas cardíacas. Materiais da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e do portal Tua Saúde ressaltam, porém, que seu uso precisa ser extremamente preciso: dose, indicação e via de administração modificam completamente o perfil de segurança do medicamento.

A Anvisa destaca que a adrenalina injetável pode ser aplicada por três vias: intramuscular, subcutânea ou intravenosa. Entre elas, a via intravenosa é a que requer mais cautela, é reservada a casos graves e específicos e demanda monitorização contínua do paciente.

A bula técnica do medicamento orienta o uso de doses muito pequenas, sobretudo em crianças, e alerta para possíveis efeitos adversos, como palidez súbita, aumento intenso da frequência cardíaca, dificuldade para respirar e lesão de tecidos no local da aplicação, especialmente quando há injeções repetidas.

No caso de Benício, segundo relato dos pais ao G1, o menino apresentava tosse e suspeita de laringite – condições que, em geral, não exigem adrenalina intravenosa. Nesses quadros, costumam ser indicadas medidas menos invasivas, como nebulização ou medicação via oral. A equipe de saúde relatou ter se surpreendido com a prescrição, e a técnica de enfermagem afirmou nunca ter administrado adrenalina pela veia em uma criança.

O maior risco surge quando a adrenalina entra muito rapidamente na corrente sanguínea, provocando uma descarga abrupta que o organismo não consegue compensar. Isso já é perigoso em adultos; em crianças, o risco é ainda mais elevado.

### Por que a via de administração faz tanta diferença?

A adrenalina é conhecida por sua ação rápida – e justamente por isso pode se tornar perigosa se utilizada de forma inadequada. Dependendo da via escolhida, o efeito muda de maneira significativa:

- **Na veia (intravenosa)**: o efeito é imediato e muito intenso. Sem monitorização cuidadosa, pode desencadear arritmias graves e outras complicações cardiovasculares.

- **No músculo (intramuscular)**: a absorção é mais gradual e controlada, sendo essa a via preferencial em casos de alergia grave (anafilaxia).

- **Por nebulização**: o efeito é predominantemente local, atuando nas vias aéreas para facilitar a respiração, com menor impacto direto sobre o sistema cardiovascular.

Por essas características, a adrenalina deve ser encarada como uma intervenção crítica, não como um recurso de uso rotineiro em situações comuns, como crises leves de tosse.

As orientações do Ministério da Saúde reforçam que profissionais de saúde precisam seguir com rigor os protocolos de dose e via de administração, em especial na pediatria, em que pequenas variações podem resultar em efeitos muito intensos e desproporcionais.

A adrenalina está entre os medicamentos mais importantes da medicina de emergência. Quando usada corretamente, pode salvar vidas em questão de segundos. Por outro lado, seu uso inadequado, sobretudo pela via intravenosa e em crianças, aumenta o risco de complicações graves e até fatais.

As informações deste texto têm caráter informativo e não substituem a avaliação individualizada de profissionais de saúde. Em caso de dúvidas ou sintomas, é fundamental consultar um médico ou especialista.

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