## Luz Verde Condicionada: CADE Aprova Expansão de Redes Vivo e TIM, Mas Com Regras de Ferro!
No tabuleiro complexo e dinâmico das telecomunicações brasileiras, uma jogada estratégica acaba de ser confirmada, mas não sem antes passar pelo crivo rigoroso do guardião da concorrência. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deu seu aval para a expansão do acordo de compartilhamento de redes entre Vivo (Telefônica) e TIM, o famoso "RAN sharing", que abrange as tecnologias 2G, 3G e 4G. Contudo, essa aprovação veio acompanhada de um pacote de condições que mais parecem "regras de ferro", garantindo que a união de forças não se transforme em um monopólio silencioso.
**Por que Compartilhar? A Lógica por Trás do RAN Sharing**
Imagine duas gigantes da telefonia buscando otimizar seus recursos e expandir sua cobertura de forma mais eficiente. É exatamente isso que o RAN sharing permite: operadoras dividem a infraestrutura de rede, como antenas e equipamentos, reduzindo custos e acelerando a chegada do sinal a mais lugares. O acordo entre Vivo e TIM não é novo; ele já existia desde 2019. A novidade agora são os aditivos que buscam ampliar o escopo geográfico, corrigindo incompatibilidades técnicas e, principalmente, incluindo novos municípios nessa rede compartilhada.
**O Campo de Batalha: A Oposição e Seus Alertas**
Mas nem tudo foi um mar de rosas durante o processo de análise. A proposta gerou uma forte oposição de associações empresariais, que não hesitaram em expressar suas preocupações. A Associação Neo, por exemplo, alertou que a ampliação desse acordo poderia desincentivar a inovação e, pior, criar um "clube" fechado, dificultando a entrada e a competitividade de pequenas prestadoras no mercado.
Em linha parecida, a Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel) levantou a bandeira do "fortalecimento do tripólio TIM, Telefônica e Claro", argumentando que o acordo poderia promover um "risco de acesso a informações concorrencialmente sensíveis" devido à arquitetura intrusiva da parceria. Em suma, o temor era que a otimização de custos e a expansão pudessem, na prática, sufocar a concorrência.
**A Balança da Concorrência: A Intervenção do CADE**
Diante desse cenário de alertas e preocupações, o Cade não hesitou em intervir. A aprovação veio, sim, mas condicionada à assinatura de um Acordo de Controle de Concentrações (ACC). Não foi um "sim" incondicional, mas um "sim" com letra miúda e fiscalização rigorosa, desenhado para mitigar qualquer risco à concorrência.
**As "Regras de Ferro" Impostas pelo CADE**
Durante a análise, a superintendência do Cade identificou que a proposta original era excessivamente abrangente e carecia de detalhes, levantando sérias "preocupações concorrenciais". Após intensas negociações, as empresas aceitaram as condições do ACC, que impõem obrigações cruciais:
* **Limitação Geográfica Estratégica:** A expansão foi diretamente reduzida em seu escopo geográfico, limitando o número de municípios que farão parte do compartilhamento.
* **Transparência Total:** As operadoras terão a obrigação de publicar a lista completa de todos os municípios envolvidos no acordo de compartilhamento.
* **Qualidade Inegociável:** Vivo e TIM deverão garantir a manutenção dos padrões atuais de cobertura e qualidade de serviço, com a proibição expressa de qualquer piora.
* **Olho Vivo do Regulador:** As empresas se submeterão a um monitoramento contínuo pelo Cade, que poderá, inclusive, solicitar auxílio técnico da Anatel para garantir o cumprimento das condições.
O conselheiro-relator Diogo Thomson destacou a complexidade da operação e a necessidade de uma atuação coordenada com a Anatel. Em seu voto, ele afirmou que a solução encontrada é "proporcional e tecnicamente ancorada". A mensagem é clara: "aprova-se o que é pró-competitivo, restringe-se o que é nocivo e condiciona-se a execução ao cumprimento de garantias objetivas e controles comportamentais sólidos". A decisão do tribunal foi unânime.
**Um Cenário Maior: O Dominó das Redes Compartilhadas**
O RAN sharing é uma estratégia comum no setor para otimizar custos, mas é sempre acompanhada de perto pelos órgãos reguladores. A própria Vivo já possui um acordo de compartilhamento de rede com a Claro, aprovado pelo Cade em 2021.
Ao mesmo tempo, essa estratégia é frequentemente criticada por operadoras menores. Não podemos esquecer que TIM, Vivo e Claro dominam cerca de 95% do mercado de telefonia móvel no Brasil, segundo a Anatel. Na época da aprovação do acordo entre Vivo e Claro, a Algar chegou a recorrer, alegando que negócios desse tipo aumentam o risco de concentração de poder entre as gigantes do setor.
A decisão do Cade é, portanto, um lembrete poderoso da importância do equilíbrio: permitir a eficiência e a inovação que beneficiam o consumidor, sem jamais perder de vista a necessidade de um mercado competitivo e justo para todos. O futuro da conectividade no Brasil continua a ser moldado, e os olhos dos reguladores permanecem atentos.